Contextualização
O mundo do trabalho vem passando por inúmeras mudanças ocasionadas tanto pela transformação digital quanto pela pandemia da Covid-19, as quais trouxeram novos hábitos de consumo,
novas formas de interação entre as pessoas, novas formas para as relações de trabalho e uma
série de novas oportunidades e necessidades no dia a dia de todos os segmentos produtivos.
Dentro desse contexto, surgem a cada ano novas ocupações profissionais ao mesmo tempo em
que uma série de profissões vai sendo extinta ou completamente transformada.
Dentro desse contexto, tem aumentado o gap entre pessoas qualificadas e oportunidades de
trabalho disponíveis, o que motiva uma ampla necessidade de adequação por parte das escolas
de todos os níveis, incluindo a educação superior, visto que os currículos precisam ser cada vez
mais flexíveis e dinâmicos para se manterem atualizados. Nesse movimento, tem ganhado força
e relevância a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho por meio de carreiras de nível
técnico, as quais são mais volumosas em quantidade de postos abertos e, muitas vezes, mais
vantajosas em termos de remuneração e benefícios.
No entanto, a proporção de jovens que concluem o ensino médio e que tiveram acesso à educação profissional ainda é baixa, quando comparada com a de outros países. Estima-se que apenas
11% dos jovens do ensino médio também alcançam a formação técnica.
Posicionamento
Defendemos que a reforma do ensino médio, preconizada pela Lei nº 13.415/2017,
a qual incluiu a possibilidade de composição do currículo com a oferta de cursos
de educação profissional, mostra-se como uma oportunidade importante para
ajudar a mudar esse cenário e contribuir com o desenvolvimento do País, pois ao
mesmo tempo em que permitirá trazer uma massa expressiva de jovens para o
mercado de trabalho em áreas de maior empregabilidade e mais alinhadas com
as tendências da atualidade, pode também contribuir com a redução da evasão
e do abandono escolar nesse nível de ensino, à medida que a aprendizagem se
torne mais significativa e conectada com as necessidades de emprego e renda
dos jovens nessa faixa etária.
Cabe, no entanto, reforçar a importância de que o planejamento da oferta de educação profissional esteja alinhado com as necessidades presentes e futuras do
mundo do trabalho, evitando a formação em áreas já ultrapassadas e de pouca ou
nenhuma empregabilidade.
Por último, cabe reforçar que a oferta de cursos de educação profissional, especialmente os de habilitação técnica de nível médio, pode se inserir na política pública, tanto no contexto da oferta concomitante ao ensino médio como também na
perspectiva da oferta subsequente, para aqueles jovens que concluíram esse nível de ensino e pararam de estudar ou aqueles que escolheram profissões de nível
superior com baixa oferta de emprego. Essa estratégia garantirá maior amplitude
de público, reduzindo a dependência das pessoas de maior vulnerabilidade dos
benefícios financeiros trazidos pelos programas sociais, à medida que dá a essas
pessoas autonomia e dignidade por meio da qualificação e do emprego